Histórias que fazem Sesc: A segunda família


06/09/2017 - Atualizado em 13/09/2017 - 660 visualizações


Cabelos brancos e olhar doce, ela segue pelas ruas do Bairro Estreito, parte continental de Florianópolis, agarrada à bolsa de couro e solta em suas lembranças. Vai a passos bem lentos. Nem tanto pela idade, que já avança a casa dos 90 anos, mas por decisão própria. Quer sorver cada segundo daquele momento semanalmente tão esperado. Em cinco minutos, ela estará em uma Unidade do Sesc, sua segunda casa há mais de seis décadas. Tem seus muitos motivos para se sentir assim.

Quando a então jovem Alice Maria da Silva pisou pela primeira vez no segundo Centro de Atividades aberto pelo Sesc na Capital, ainda na década de 1960, o cenário era de uma região com sabor interiorano, daquele com vizinhos – quase parentes! – reunidos nos portões das casas. Todos conheciam Alice, dona da primeira grande panificadora local, e é, ironicamente, essa mesma mulher que hoje passa despercebida em meio ao movimento de pedestres e carros de um dos bairros que mais se verticalizaram na Capital nos últimos anos. Alice se acostumou às muitas mudanças. Diz ser como o Sesc: foi se adaptando, conforme a vida seguia. Viu a Unidade se transferir para a Rua Fúlvio Aducci e de lá para a Heitor Blum até, em 2012, chegar à sede atual, na Santos Saraiva, “moderna e confortável, tão diferente da primeira. E ao mesmo tempo tão igual!”.

As diferenças do Sesc de ontem, segundo Alice, são meramente ligadas ao conforto físico. “Sempre achei que a verdadeira riqueza do Sesc são as pessoas. As que atendem e as que frequentam. É uma segunda família”, afirma, lembrando que foi ali inclusive que encontrou conforto para superar uma grande tragédia familiar. Foi acolhida, como nunca imaginou ser por estranhos. Conseguiu tudo o que precisava para reunir seus caquinhos e lutar contra a depressão: o atendimento psicológico e a força das amigas. Dá para ver que são mesmo como uma família: se ligam, trocam e-mails e têm uma espécie de pacto de estar a postos quando o desânimo teima em bater à porta de uma delas.

Ex-aluna de artesanato e ginástica, precursora do projeto Era uma Vez, que unia pessoas da terceira idade e a criançada em atividades lúdicas e de leitura, hoje Alice tem ficha no chamado Idoso Empreendedor, frequentando cursos como o de informática e a oficina da memória. “Isso aqui é maravilhoso. Os orientadores são criativos e caprichosos. A gente diz mesmo para os outros: Está triste, sozinho, doente, desanimado? O Sesc cura tudo!”, garante.

*Este artigo foi adaptado do livro “Uma história feita de muitas”, publicado em 2016 como parte das comemorações dos 70 anos do Sesc em Santa Catarina. 
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