Histórias que fazem Sesc: De 1986 a 1995


12/09/2017 - Atualizado em 12/09/2017 - 1222 visualizações


Na década de 1980, surgiu o Plano Nacional de Ação (Planesc) do Sesc, convidando a repensar o futuro da Entidade, que segue se expandindo e se aperfeiçoando desde a sua criação. O trabalhador brasileiro passa (de novo) por tempos difíceis, especialmente na virada dos anos 1990. Paira no ar toda a instabilidade política e econômica que será marcada por acontecimentos emblemáticos, como o confisco das poupanças e o impeachment do então Presidente da República Fernando Collor de Mello. Veio o Plano Real e o país até respirou ares de modernização na indústria e no comércio, o que não impediu, no entanto, que as desigualdades sociais se acentuassem ainda mais.

O Sesc decide que precisa proteger seus objetivos dos eternos altos e baixos da política nacional. Busca total alinhamento entre as suas Unidades, numa tentativa de fortalecer a sintonia de propósitos, compatibilizando sua programação com as diretivas da política governamental vigente. 

Ações socioculturais do Sesc dividem as praças públicas com as manifestações políticas e econômicas que permearam os anos seguintes à redemocratização do Brasil.

O Ginásio Charles Moritz, em Florianópolis, foi palco para a missa celebrada pelo Papa João Paulo II quando de sua visita ao Brasil.

Fica decidido manter o foco de atuação em serviços de medicina preventiva, educação para a saúde, atendimento odontológico e noções de higiene pessoal. Mas sem tirar a atenção da cultura, do lazer e do atendimento aos idosos. O cuidado em manter todas as Unidades em alinhamento faz com que a década assista à elaboração de três Planos de Ação Nacional. Era importantíssimo garantir que, no desafio de repensar o Sesc e seu futuro, fosse possível otimizar a capacidade de atendimento e o estabelecimento de convênios para estender os serviços a um número sempre maior de catarinenses. Acentuar o processo de interiorização da Entidade era uma necessidade urgente, principalmente em direção às regiões mais carentes.

Em relação à área de educação, a Entidade já oferecia em Santa Catarina recreação pré-escolar para crianças de 3 a 6 anos, cursos supletivos de 10 e 20 graus e pré-vestibular para adultos. É notório também que o Sesc se desafiava a disponibilizar cada vez mais e melhores serviços em suas outras áreas de atuação.

Segue firme o projeto da biblioteca circulante, caixas de livros que itineravam por lojas, sindicatos, associações e escolas que não contavam com bibliotecas ou livrarias. Precursores dos caminhões do BiblioSesc de hoje, o projeto era bem simples e uma forma de facilitar o acesso ao livro, com acervo que circulava pelos endereços comerciais em sistema de rodízio. Trabalhando pelo estímulo à leitura, o Sesc fomentava o acesso aos livros e construía o que seria considerado a maior rede não governamental de bibliotecas do Brasil.

A partir de 1986, começaram as ações comunitárias em Santa Catarina, independentemente da cidade ter ou não uma Unidade do Sesc. No início das atividades, que mesclavam lazer, cultura, educação e saúde, muitas vezes o profissional nem tinha equipe fixa. Eram apenas ele e o motorista. Faziam de tudo.

Do planejamento à operacionalização, passando pela montagem da barraca para os eventos. Levavam um acervo com sacolas de livros infantis, kits para pinturas, brinquedos (corda e balanço) e materiais esportivos para prática de vôlei e tênis. Existia também um gabinete odontológico e o serviço era realizado por dentistas e atendentes locais. Tudo era disponibilizado à população em geral, mas também havia parcerias com sindicatos para atendimentos específicos aos comerciários.

(Foto: Criciúma foi uma das inúmeras cidades contempladas com as ações  comunitárias executadas pelo Sesc.)

É incrível notar que ao completar cinco décadas, nestes anos 1990, o programa de desenvolvimento social da Entidade mantinha-se fiel às diretrizes preconizadas na Carta da Paz Social de 1945, escrita na Primeira Conferência das Classes Produtoras (Conclap), em Teresópolis, Rio de Janeiro. De fato, olhando-se para trás, não há dúvidas de que a harmonia é total no compromisso em atender “às necessidades sociais urgentes dos trabalhadores do comércio, procurando enfrentar seus problemas, reduzir ou aliviar suas dificuldades maiores e criar condições de progresso”. Mais incrível ainda é que as duas décadas seguintes ratificariam a essência do Sesc de pacificador social.


*Este artigo foi adaptado do livro “Uma história feita de muitas”, publicado em 2016 como parte das comemorações dos 70 anos do Sesc em Santa Catarina. 

A adaptação integra a série de posts "Histórias que fazem o Sesc" em comemoração aos 71 anos do Sesc em Santa Catarina. 
Confira os artigos publicados:

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