Aprender com a realidade do próximo é muito importante. A empatia e o intercâmbio cultural são essenciais para a formação cidadã que a Escola Sesc propõe. Afinal, uma Educação Afetiva é aquela que forma muito mais do que estudantes, forma seres humanos capazes de transformar a sua realidade e a do próximo.
Dentro dessa perspectiva de aprendizagem, os alunos do 8º ano da Escola Sesc de Jaraguá do Sul, orientados pela professora Isabeli Mazzon Milani, estudaram um pouco mais sobre a realidade das comunidades indígenas, dentro do conteúdo escolar do gênero textual entrevista, nas aulas por videoconferência.
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“Como o livro didático apresenta uma entrevista com o cineasta Cao Hamburger (produtor do filme Xingu), nós resolvemos assistir a essa produção e debater sobre como a realidade dos indígenas de nossa região é afetada pelas ações da sociedade não indígena”, explica a professora.
Para completar a atividade, os alunos produziram, em conjunto, uma entrevista direcionada a uma liderança indígena. Usando aplicativos de mensagens, entraram em contato com o Roberto, da comunidade indígena Tarumã, que fica localizada no município de Araquari.
Roberto ajudou a levar as 20 perguntas da turma ao vice-cacique da comunidade, Denilson, um jovem de 22 anos, que gentilmente enviou suas respostas.
Leia a entrevista na íntegra:
1. Qual seu nome? E qual sua idade?
R= Sou Denilson e tenho 22 anos.
2. Qual sua etnia e em qual comunidade você vive?
R= Etnia Guarani e sou da comunidade indígena.
3. Você vem à cidade com frequência?
R= Não, só quando realmente for preciso.
4. Como é a questão da alimentação em sua comunidade?
R= Neste momento tá um pouco difícil, acredito que para todos os indígenas de outras aldeias também. Para poder conseguir alimentos, alguns precisam sair da aldeia e agora em meio a esta pandemia tá complicado. Aqui da aldeia Tarumã, de vez em quando recebemos algumas doações, mas não muito.
5. Vocês têm acesso à saúde pública? Como vocês cuidam da saúde na comunidade?
R= Nós temos a equipe da Sesai de Araquari que estão vindo sempre que podem para atender a comunidade, mas também quando é preciso temos pessoas mais velhos que tem conhecimento a as medicinas Naturais Ervas, Plantas e entre outras.
6. Como é viver em sua comunidade?
R= É muito legal, sempre respirando Ar puro, mantendo contato com a Natureza e cuidando dela.
7. Você já teve vontade de se mudar da sua comunidade e ir morar na cidade?
R= Não.
8. Qual a maior dificuldade de viver em sua comunidade?
R= Acho que não tem muita dificuldade, porque estar em uma comunidade sempre somando, ajudar e ser ajudado é muito bom.
9. Vocês sentem que sofrem muito preconceito?
R= Sim
10. O que vocês fazem para se divertir em sua comunidade?
R= Hoje em dia, como não temos mais espaço suficiente para fazer outras atividades, só jogamos futebol.
11. Vocês têm contato com outras comunidades indígenas?
R= Sim.
12. Como é o acesso à educação em sua comunidade?
R= Nós temos uma escola dentro da Aldeia, ainda é uma extensão da outra aldeia vizinha.
13. Quantas pessoas vivem, atualmente, na sua comunidade?
R= Mais ou menos 45 Pessoas.
14. Vocês ainda praticam algum ritual/evento indígena em sua comunidade?
R= De vez em quando fazemos uma Cerimônia com a Medicina (Aywaska).
15. Quantas pessoas vivem em cada casa?
R= De 3 a 7 pessoas
16. O que vocês acham das pessoas que não respeitam a cultura indígena?
R= Nós aqui da aldeia Tarumã apenas pedimos a Deus para que essas pessoas procurem saber a verdade sobre nós.
17. A comunidade de vocês recebe algum auxílio do governo?
R= Não.
18. Nesse momento de quarentena, como está a rotina da sua comunidade?
R= Cada um em sua casa trabalhando.
19. Vocês aprendem qual língua na escola?
R= Português
20. O território de vocês já foi ameaçado alguma vez?
R= Sim.
*Como a situação na comunidade está ainda mais difícil, devido à pandemia que estamos enfrentando, toda ajuda que eles recebem é bem-vinda. Por isso deixaremos abaixo um contato de telefone, para aqueles que desejam ajudar a comunidade de alguma forma: (47) 99223-9616, com Denis.
Colaboração: professora Isabeli Mazzon Milani, Escola Sesc Jaraguá do Sul
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