Exposição "Anatomia da Ausência" abre no Sesc Jaraguá do Sul

A mostra da artista Roseli Sartori circula na Rede Sesc de Galerias


15/06/2023 - Atualizado em 15/06/2023 - 732 visualizações

Rede Sesc de Galerias

Nesta sexta-feira, dia 16 de junho, às 19h30, o Sesc Jaraguá do Sul inaugura a exposição "Anatomia da ausência", de Roseli Sartori. A mostra fica aberta para visitação gratuita até o dia 4 de agosto, de segunda a sexta-feira, das 9h às 19h, ma galeria de artes visuais da Unidade, localizada na Rua Jorge Czerniewicz, 633. Agendamentos de visitas em grupos podem ser realizados pelo fone (47) 3278-7806.

Com curadoria de Gleber Pieniz, a exposição apresenta onze trabalhos em técnica mista, produzidos entre 2020 e 2022. São fotografias e cianotipias sobre papel, colagens e livros de artista com diversos materiais.

As obras abordam as lacunas de sentido de um passado documentado por imagens e de um presente, onde mesmo os espaços domésticos e seus objetos cotidianos enfatizam vazios afetivos. Ambientes físicos que persistem como vestígios de uma experiência vencida, finita, cujo significado persiste precariamente como memória.

Sinopse

Três Marias, 2022. Fotografia, bordado, colagem. Tríptico 30x90 cm.

"Anatomia da Ausência" é uma exposição atenta às particularidades da memória, à persistência das lembranças e à fragilidade das lacunas e dos apagamentos. Em trabalhos de fotografia híbrida arranjados ora como livros, ora como instalações, Roseli Sartori fala da passagem de um tempo que não é apenas histórico ou cronológico – mas é sobretudo afetivo – e dos vestígios cotidianos que esta passagem espalha pelos espaços arquitetônicos, pelos lugares da casa, pelos objetos de uso pessoal, pelos álbuns de família e pelas palavras que se tornam silêncio.

Texto curatorial:

Vazios do tempo nas imagens de um espaço passado

Seja através de livros de artista ou de trabalhos de técnica mista com a intervenção de colagens, bordados e costuras, a poética de Roseli Sartori desenvolve-se desde um vasto arquivo de imagens composto principalmente por autorretratos e álbuns de família, mas também por fotografias de prédios abandonados, cenas do cotidiano doméstico e narrativas fictícias onde bonecos, brinquedos e outros objetos tornam-se personagens de metáforas tão claras quanto desconcertantes.

Na exposição Anatomia da Ausência, a artista revolve as indisfarçáveis lacunas de sentido, de identidade e de afeto nas fotografias de seus antepassados e, através de bordados e costuras, estabelece relações com os mesmos vazios de ruínas tomadas pelo mato e de espaços da casa onde o dia-a-dia deixou espalhados os vestígios da rotina. São imagens de pessoas que, embora familiares, persistem como lembranças incompletas, episódios encenados por protagonistas desconhecidos que reverberam na banalidade cotidiana dos dias atuais, memória indiscernível em sua repetição e que ganha representação concreta na forma de filtros de café descartáveis, símbolos de uma sucessão de momentos únicos que, literalmente passados, perdem-se histórica e emocionalmente na perspectiva do tempo, deixando como legado em forma de arte um calendário que poderia ser do último mês ou de décadas anteriores.

Entre silhuetas e linhas, Anatomia da Ausência é um convite para que o espectador reflita sobre suas próprias lacunas de memória e, a partir de suas imagens mais familiares, proponha novos valores para o tempo e para os gestos que, ao longo dele, compõem a própria vida.

GLEBER PIENIZ
Jornalista, curador, coordenador do Laboratório de Arte

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