Escute poemas, contos e trecho de romance no Página Sonora de outubro


01/10/2021 - Atualizado em 29/10/2021 - 1164 visualizações

Os episódios de outubro do podcast Página Sonora já estão no ar! O projeto realizado pela Rede de Bibliotecas da Instituição foi contemplado com o Prêmio Empresa Cidadã 2021 na categoria desenvolvimento cultural pela difusão da literatura catarinense.

Através de leituras de fragmentos dos trabalhos, cuidadosamente selecionados, o projeto tem o objetivo de despertar o interesse na leitura integral dos livros de autores catarinenses e radicados no Estado. Desde dezembro de 2020 todos os meses são lançados novos programas no Spotify, Google podcast, Anchor e YouTube. Já são 90 episódios veiculados, que podem ser escutados e revisitados nestas plataformas.

Em outubro o Página Sonora apresenta trabalhos recentes de cinco escritores contemporâneos. As leituras versam em torno de poemas dos livros "O Enigma das Ondas”, de Rodrigo Garcia Lopes (Editora Iluminuras, 2020); “AVOA”, de Mariana Queiroz (Editora Urutau, 2021); "Quadripartida", de Patrícia Pinheiro (Editora Laranja Original, 2019); contos do livro “Aranhas”, de Carlos Henrique Schroeder (Editora Record, 2020); e trecho do romance “Domingo”, de Eduardo Sens (Editora Penalux, 2020).

A narração é realizada por colaboradores de Cultura do Sesc-SC e convidados de outras áreas, com trilhas sonoras criadas por instrutores e alunos dos cursos de música da Instituição. As 28 Bibliotecas da Instituição estão abertas para toda a comunidade, seguindo os protocolos e boas práticas para manipulação do acervo e outras medidas de higiene e distanciamento. 

Rodrigo Garcia Lopes

O episódio 86 apresenta três poemas do livro "O Enigma das Ondas”, de Rodrigo Garcia Lopes (Editora Iluminuras, 2020), semifinalista do Prêmio Oceanos 2021. Confira o relato do autor sobre a publicação.

Achei interessante e oportuno ter lançado ‘O enigma das ondas’ em plena pandemia, pois coloca a importância da poesia, uma coisa afirmadora de vida em tempos regidos por Tânatos, e coloca a suposta irrelevância da poesia brasileira hoje em perspectiva. O difícil é lidar com dois vírus ao mesmo tempo (o Corona e o outro, do autoritarismo e da ignorância). Como seu lançamento acabou atrasando, devido à pandemia e ao cenário caótico, ‘O enigma das ondas’ foi crescendo. Novos poemas foram acontecendo e lhe dando corpo e substância. Estou bem feliz com o resultado e com o trabalho da Iluminuras”, reafirma o autor.

Rodrigo Garcia Lopes é poeta, compositor, romancista, jornalista e tradutor. Já traduziu as obras de Sylvia Plath, Walt Whitman, Arthur Rimbaud e Laura Riding. É Mestre em Humanidades Interdisciplinares pela Arizona State University, com tese sobre William Burroughs, e Doutor em Letras pela Universidade Federal de Santa Catarina, com tese sobre a poeta e pensadora norte-americana Laura Riding. Foi finalista do prêmio Oceanos de Literatura com o livro de poesia “Experiências Extraordinárias” e o romance policial “O Trovador”, que também foi finalista do Prêmio São Paulo de Literatura 2015. “O enigma das ondas”, seu último livro que é lido no Página Sonora, é semifinalista do Prêmio Oceanos 2021. Em dezembro, a editora Kotter lança “Poemas Coligidos”. Natural de Londrina (PR) o escritor atualmente mora em Florianópolis (SC).

Eduardo Sens

O romance “Domingo”, de Eduardo Sens, lançado em 2020 pela Editora Penalux, pauta o episódio 87. Confira o relato do autor sobre a publicação.

“Escrever ‘Domingo’ foi como entrar num acordeão e, já dentro, lá no fundo da caixa acústica, ficar meses com o ouvido na parede interna, tentando transformar em palavras os sentimentos que transbordavam do coração do músico, um velho, o velho Mingo. Dali colhi todo o seu padecimento, seu drama de envelhecer sozinho na cidade que entrava em ebulição na insípida gana de aplicar a maquiagem moderna dos arranha-céus aos espaços em que ele vivia. Foi ali que escutei seu coração chorar quando avizinhar-se, conversar e fazer amizade passaram a ser conceitos secundários. O que valia, e isso é que o magoava tanto, eram brilhos, modas, o descartável charme do novo rico.

Mingo é o personagem, mas o personagem foi o escritor e passa a ser o leitor, que sofre suas ausências e torce, como eu torci, para que seus propósitos se alcançassem. Quem sabe um dia, depois de um ponto final como o de ‘Domingo’, eu consiga voltar atrás, apagar tudo e recomeçar de um jeito menos triste. Mas para isso a realidade vai ter que ser outra, e não sei ao certo se posso esperar que isso aconteça”.


Eduardo Sens nasceu 1979 em Florianópolis. É autor dos romances: “Os Outros Eus de Mim Mesmo” (Editora Micronotas), “Adroaldo de Majestosa” (Editora Penalux), “De quando éramos iguais” (Editora Penalux), este eleito Romance do Ano de dois mil e dezenove pela Academia Catarinense de Letras e vencedor da 2ª Maratona Literária da Editora Oito e Meio, e “Domingo” (Editora Penalux). Também publicou os livros infantis: “O Menino que Adorava Torradas”, “O Meu Meteoro de Estimação”, “O mistério das crianças-zumbis” e “O Melhor Lugar do Mundo”.

Patrícia Pinheiro

O episódio 88 apresenta três poemas do livro "Quadripartida", de Patrícia Pinheiro, lançado em 2019 pela Editora Laranja Original. Confira o relato da autora sobre a publicação.

“O livro passeia pelos quatro elementos, abordando, através de poemas bastante intimistas, a impermanência, os lutos, desejos, heranças e demais temáticas e desdobramentos que perpassam o feminino”.

Patrícia Sebastiany Pinheiro é psicóloga por formação e poeta e escritora por necessidade e desejo. Trabalhou como colunista de sites como o HuffPost Brasil e o CONTI outra. Seus escritos circulam pelas redes sociais, revistas e concursos literários. “Quadripartida” é seu primeiro livro. 

Mariana Queiroz

Três poemas do livro “AVOA”, de Mariana Queiroz (Editora Urutau, 2021)” são lidos no episódio 89. Confira o relato da autora sobre a publicação.

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“O livro ‘AVOA’, é o primeiro que, de tantos outros ensaios, vingou. Seu título diz de um ato: o de lançar os versos ali reunidos, para o que é próprio da poesia: o voo incalculável das palavras, o encontro singular com cada leitora/leitor e o laço efeito dos exercícios da linguagem. Carrega em si, esse salto tão pessoal, que é de publicar um livro, mas com um percurso coletivo (anterior a sua aprovação no edital da Urutau) pelas revisões e trocas com Viviane Rocha, Moisés, Wuldson Marcelo e Barbara Esménia.

Também, nessa dimensão coletiva que envolve a escrita, está o apoio de anos das pessoas para que eu publicasse um livro, as trocas com outros poetas, os aprendizados das oficinas de escrita e alegria que foi de tantas e tantos quando anunciei a campanha de pré-venda. ‘AVOA’ reúne poemas escritos entre 2013 e 2019 e é dividido em blocos.

Não tive a preocupação de buscar uma unidade temática na escrita, mas de, no livro, exercitar essa metáfora que me acompanha: a costura de retalhos. O livro conta com a orelha de Wuldson Marcelo, escritor, cineasta, editor da Ruído Manifesto, de Cuiabá-MT, minha terra natal e apresentação de uma das grandes referências de escrita no meu caminho, Bárbara Esmenia, que retoma o ato ancestral que envolve a escrita de mulheres em seu texto”.


Mariana Queiroz é poeta, psicanalista, psicóloga e pesquisadora. Natural do cerrado, de Cuiabá (MT), atualmente vive perto do mar, em Florianópolis (SC). Articuladora do Sarau “Mulheragens de Desterro”, atua na criação de espaços de circulação da palavra e dos afetos ocupando as cidades. Como poeta participou de publicações de revistas literárias e do livro “69 poemas e outros ensaios”.

Carlos Henrique Schroeder

No programa 90, é possível ouvir três contos do livro “Aranhas”, de Carlos Henrique SchroederConfira o relato do autor sobre a publicação.

“É um livro que me deu muito prazer ao escrever, as narrativas breves sempre são um terreno mais libertário, menos engessado. São 32 histórias, algumas bem curtas, de um parágrafo, e outras de páginas e páginas, para esticar a imaginação do leitor, e todas se relacionam com as aranhas: inspiram, através de sua aparência ou nome, comportamentos e destinos, criando uma espécie de teia narrativa – onde afinal tudo se entrelaça e nos enreda.

Eu acredito que as aranhas não possuem ideia de sua fragilidade perante o mundo, perante os humanos. São exímias caçadoras, vivem para caçar, se alimentar e se reproduzir, e praticamente todas possuem veneno (grande parte inofensiva para nós). Muitas espécies delas convivem conosco, pois a luz atrai insetos e elas se alimentam destes. Aranhas são ultraconfiantes (programação genética?).

Os humanos também são, e cada humano se acha especial, a última bolacha do pacote, e não temos ideia de nossas fragilidades físicas (é preciso uma gripe espanhola, um Ebola, um Nipah, um Covid-19 para devolver nossa espécie à insignificância) ou psicológica (depressão, ansiedade…). Temos mais similaridades com as aranhas do que supomos… E carregamos elas conosco, pois o medo que temos delas é transmitido geneticamente, de geração em geração, como uma defesa, uma “vacina psicológica” para evitar acidentes com elas… Querendo ou não, estamos circundados por aranhas, em todos os cantos de nossa casa, e de nosso trabalho, e algumas são quase invisíveis, mas estão lá, aqui… Nosso medo de aranhas é humano, demasiado humano.


Carlos Henrique Schroeder (Trombudo Central, 1978) é autor de: "Ensaio do vazio" (7Letras, 2007), adaptado para os quadrinhos; da coletânea de contos "As certezas e as palavras" (Editora da Casa, 2010), vencedora do Prêmio Clarice Lispector, da Fundação Biblioteca Nacional, e do romance "As fantasias eletivas" (Record, 2014), em adaptação cinematográfica e lançado na Espanha pela Maresia Libros.

Este livro também foi leitura indicada nos vestibulares UFSC, UDESC e Acafe nos anos de 2016 e 2017. Publicou também "História da chuva" (Record, 2015), obra contemplada pela bolsa Petrobras Cultural. Em 2020 lançou "Aranhas", pela Record, com narrativas breves inspiradas em aranhas. Tem contos traduzidos para o inglês, alemão, espanhol e islandês.



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Como surgiu o "Página Sonora"


A iniciativa "Página Sonora" vem sendo construída desde novembro de 2019, quando os assistentes de biblioteca e alguns técnicos de cultura do Sesc Santa Catarina realizaram um encontro com o objetivo de debater e reinventar caminhos para a efetiva formação de leitores críticos e contumazes, com conhecimento e reconhecimento do que é a experiência da leitura. E para que essa transformação de fato aconteça, há longos caminhos a serem percorridos, começando por capacitar a equipe de assistentes de biblioteca para mediação do livro, da leitura e da literatura.

Surgiu então a necessidade de buscar compreender a maior carência e urgência dentro de um universo tão vasto. E dentre as inúmeras sugestões, possibilidades, alusões e argumentações, uma tarefa ficou clara e unânime: ler, reler, conhecer, discutir e então, dar acesso aos leitores ou ainda não leitores, à escrita produzida em Santa Catarina. Os projetos e eventos planejados para 2020 com essa finalidade e tantas outras demandas, desde revigorar a literatura voltada para o público infantil até tornar a biblioteca um espaço cada vez mais de acolhimento, fruição, informação e diversão, foram adiados com a pandemia. Mas aos poucos, com o afeto e a persistência necessários a quem trabalha com cultura em nosso país, os meios foram sendo criados e uma parte das muitas tarefas daquele encontro se concretiza no "Página Sonora".


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