Em 2050 o mundo terá 2 bilhões de idosos segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS). Mais de 80% deles estarão vivendo em países como o Brasil. Aqui a porcentagem de pessoas idosas irá de 9% a 18% em apenas 17 anos (2005 a 2022).

Na palestra, em comemoração ao projeto “Idoso Empreendedor", Alexandre Kalache – médico e doutor em saúde pública, diretor do programa de envelhecimento e saúde da Organização Mundial da Saúde (OMS) entre 1995 e 2007 – afirma que o envelhecimento é o grande desafio deste século.

Hoje, quando uma pessoa completa 50 anos, ainda tem pela frente quase tantos anos quanto aqueles já vividos. Por isso, para o especialista, é preciso se preparar para vivenciar esses anos com qualidade e destaca os 4 importantes capitais essenciais para envelhecer bem. A palestra com o Alexandre Kalache, aconteceu, no dia 31 de outubro, no Hotel Sesc Cacupé, em Florianópolis e prestou homenagens às pessoas que contribuíram para o desenvolvimento e sucesso do projeto Idoso Empreendedor.

Capitais essenciais para envelhecer bem

Capital vital
Investir na tua saúde. Se você cuidar do que come, não beber em excesso, não fumar, você vai continuar ativo. Vai continuar sendo potencialmente um recurso para a sociedade.

Capital conhecimento
Trabalhar a sociedade para que dê oportunidades de uma educação continuada ao longo da vida. E é para todo tipo de profissional – ex. o mecânico de automóvel antigamente precisava aprender só mecânica. Hoje precisa aprender mecânica e eletrônica. O diagnóstico do problema nos carros  requer isso hoje. Um dentista que parou de aprender e que não consegue interpretar uma tomografia computadorizada… então, está todo mundo tendo que aprender… Esse é o ciclo do capital do conhecimento.

Capital financeiro
Quem não se preparar e achar que aos 80 vai ter o que precisa, sem programar, pode ter problemas no futuro. Tem que planejar ao longo da vida. Previdência, seguro de saúde etc.

Capital social
O terceiro é o capital social: ter amigos, família, ter alguém que cuide. Faça escolha, invista na alegria, seja leve, não seja ranzinza. O copo está meio cheio. Não, meio vazio… Você está vivo. Isso é a melhor coisa que pode lhe acontecer. Envelhecer é bom. 

"E o grande capital natural que nós temos hoje no mundo inteiro é o recurso que menos está sendo utilizado – não é petróleo, nem energia eólica. É o idoso. Vamos dar oportunidades a eles contribuírem com a economia. Eu não tenho culpa nenhuma de estar trabalhando. Primeiro, porque não estou competindo por um trabalho com um cara mais novo. Eu não podia fazer o que faço hoje quando tinha 25 anos. E o mais novo não consegue fazer o que faço hoje… E a essa altura eu não estou interessado em carreira. Já fiz a carreira. Estou interessado em deixar pegada, em nutrir, em ser mentor, ajudar, abrir caminho, dar oportunidades. Se você acumula bem esses quatro capitais, você tem uma garantia de que vai envelhecer bem", declara Kalache.

Quando questionado se as mulheres encaram melhor o envelhecimento, o médico exemplifica "quando eu caía e machucava o joelho, vinha um adulto e dizia: "Não foi nada. Passa uma água e volta a brincar". Se é uma menina, alguém bota no colo, dá um beijinho. No que se vai traduzir isso, 60 anos depois? O homem não pode sentir dor, machucou o joelho mas continuou a brincar, tem que ser forte. Ser forte aos 60 ou 70 anos significa que você está com uma dor mas não fala para ninguém. Se você tiver a sorte de ser casado e ter uma mulher do lado: ela vai marcar o médico pra você. A mulher tem essa intimidade com o serviço médico, faz pré-natal, menstrua, tem intimidade maior com seu próprio corpo, cuida da criança", constata.

TRABALHO SOCIAL COM IDOSOS
O Sesc em Santa Catarina realiza o Trabalho Social com Idosos em todas as Unidades em Santa Catarina, com programações que visam desenvolver o protagonismo social, bem como fortalecer o empoderamento e a autonomia dos participantes. Entre os grupos mais procurados estão o projeto Idoso Empreendedor e as Oficinas Empreendedoras, que por meio da inclusão digital, redes sociais, aplicativos de smartphones e empreendedorismo social, contribuem para o protagonismo e emponderamento do idoso. A Instituição também oferece para esta faixa etária Grupos Interativos, GRUPATI – Grupo de Estudos sobre a Pessoa Idosa, Grupos de Cantoria, Grupo de Voluntários, Dança Circular, Xodó (grupo intergeracional) e Grupo da Memória. O cronograma completo com os horários e grupos disponíveis em cada Unidade estão disponíveis em www.sesc-sc.com.br.

O Projeto Idoso Empreendedor impulsiona à inclusão social, tendo como mediador o uso da informática. Os inscritos no Idoso Empreendedor Módulo I e II utilizam instrumentos do computador e internet como ferramentas impulsionadoras, entre elas as mídias digitais. Na prática, o projeto tem demonstrado que não há limite de idade para vivenciar novas experiências, trocar conhecimentos, renovar habilidades, atualizar-se com as tecnologias e participar ativamente da sociedade. A metodologia do projeto não se caracteriza como um curso, mas sim como um processo em grupo, onde os participantes socializam experiências. Através da informática, são realizadas atividades com temas escolhidos pelos grupos, como Direitos dos Idosos, Empreendedorismo Social, entre outros, que estimulam o aprendizado da tecnologia e oportuniza a todos um processo de inclusão digital.