18/06: Dia Mundial da Gastronomia Sustentável

Leia o artigo e saiba mais sobre os aspectos que motivam a data, origens dos alimentos, o seu cultivo, a forma como são transportados, até chegar ao nosso prato.


15/06/2023 - Atualizado em 16/06/2023 - 1364 visualizações

Gastronomia mais consciente

O Dia Mundial da Gastronomia Sustentável é celebrado anualmente no dia 18 de junho, com o propósito de chamar a atenção mundial para o tema. Este dia foi proclamado a partir da Resolução 71/246 adotada na Assembleia Geral das Nações Unidas, de 21 de dezembro de 2016.

A gastronomia está muito ligada a diferentes comunidades e regiões, ganhando uma importância cultural relevante. Por muitos considerada a arte da comida, a gastronomia é sustentável quando tem em consideração as origens dos alimentos, o seu cultivo, a forma como são transportados, até chegar ao nosso prato.

O que muitas vezes não é visto e mostrado no âmbito da gastronomia são os dados alarmantes da falta de alimentação, do desperdício de alimentos, dos efeitos sobre os recursos naturais do planeta e quais aspectos causam graves impactos negativos para a vida humana atual e futura.

 Com os avanços tecnológicos, a preocupação com o desenvolvimento sustentável tem sido foco de preocupação em todos os setores, inclusive na gastronomia. A consciência da gastronomia sustentável é de extrema importância para a sobrevivência do ecossistema e dos habitantes do planeta Terra.

Com a população global prevista para alcançar 10 bilhões de pessoas até 2050, faz sentido nos perguntarmos como conseguiremos alimentar todo mundo sem causar mais danos ao planeta. Embora tenhamos estagnado na luta contra a fome nos últimos cinco anos, evidências sugerem que o problema que enfrentamos hoje não é a falta de alimentos.

Pelo contrário, é um problema relacionado à ineficiência do sistema alimentar. Há falhas em todo o processo de produção e consumo, a começar com o uso da terra.  Perdemos cerca de um terço dos alimentos produzidos – entre a fazenda e a mesa, enquanto eles são armazenados, transportados, processados, embalados, vendidos e preparados –, pois compramos mais do que consumimos. No fim das contas, 1,3 bilhão de toneladas de alimentos são perdidas ou desperdiçadas a cada ano.


Relatório da ONU

O novo relatório das Nações Unidas, "Panorama da Segurança Alimentar e Nutricional 2022", garante que 22,5% das pessoas na América Latina e no Caribe não têm meios suficientes para acessar uma alimentação saudável. No Caribe, 52% da população foi afetada por esta situação; na América Central esse número chega a 27,8% e na América do Sul, 18,4%.

A publicação informa que 131,3 milhões de pessoas na região não puderam pagar por uma alimentação saudável em 2020. Isso representa um aumento de 8 milhões em relação a 2019, e se deve ao maior custo médio diário desse tipo de alimentação na América Latina e no Caribe, em comparação com o resto do mundo.

A falta de acesso econômico ou acessibilidade a uma alimentação saudável observada em toda a região também está associada a diferentes indicadores socioeconômicos e nutricionais.

O relatório apresenta uma clara relação com variáveis ​​como o nível de renda de um país, a incidência da pobreza e o nível de desigualdade. O Panorama também inclui recomendações e análises de políticas para melhorar a acessibilidade e a disponibilidade de alimentos nutritivos, principalmente, para apoiar as pessoas mais vulneráveis ​​e as famílias de baixa renda que gastam uma proporção maior de seu orçamento em alimentos.

 A visão da FAO para alimentação e agricultura sustentáveis ​​é aquela em que os alimentos são nutritivos e acessíveis para todos, e onde os recursos naturais são geridos de forma a manter as funções do ecossistema para atender às necessidades humanas atuais e futuras. O caminho para a prosperidade inclusiva é claramente apontado pela Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. 

Uma das mensagens-chave veiculadas pela publicação da FAO intitulada “Transformando a alimentação e a agricultura para atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)” é “Ultrapassar os desafios complexos que o mundo enfrenta requer uma ação transformativa, abraçando os princípios da sustentabilidade e enfrentando as causas de base da pobreza e da fome, não deixando ninguém para trás”. 


Sustentabilidade é o caminho

A sustentabilidade está sendo cultivada em vários lugares e regiões, ganhado cada vez, mais adeptos e estudiosos na área da gastronomia, com o empenho de criar uma gastronomia saudável e sustentável e tentar diminuir ao máximo os danos causados na natureza.

Por isso cada vez mais os serviços de alimentação estão aderindo essa prática, onde além de se tornarem sustentáveis, conseguem diminuir custos, pois com a manipulação adequada dos alimentos, a produção se torna mais eficiente.

As principais ações sustentáveis na cozinha para a proteção do meio ambiente estão relacionadas a pequenos atos que levam ao não desperdício de alimentos, água, energia elétrica; a utilização de equipamentos modernos que colaboram para um planejamento estratégico nas cozinhas, controle do lixo, redução da poluição plástica, reciclagem e aproveitamento integral dos alimentos.

 Quando falamos em gastronomia sustentável, um dos grandes desafios é limitar o desperdício de alimentos, promover políticas públicas e de mercado para que possam garantir mais acesso aos alimentos, e também que estes alimentos tenham qualidade nutricional.

É possível aplicar a sustentabilidade alimentar, apostando na variedade, utilizando frutas, legumes e verduras da estação, da agricultura orgânica e de base agroecológica.

Com isso, é possível fortalecer a economia comunitária, fomentando o contato direto entre produtores e consumidores, valorizando os diferentes tipos de cultivos e garantindo um meio ambiente mais saudável, com diversidade de alimentos e produtos naturais.


Aproveitar os alimentos integralmente 

Outro ponto importante é o aproveitamento integral do alimento que tem como princípio básico a diversidade da alimentação, atendendo de forma eficaz as necessidades nutricionais dos indivíduos como uso de partes não convencionais dos alimentos em preparações culinárias.

O descarte de partes de alimentos acontece, em sua maioria, pela falta de orientação da população, preconceito e ainda desconhecimento do seu valor nutricional. Em sua maioria, as partes não convencionais de alimentos, como folhas, cascas, talos e sementes podem ser utilizados para aumentar o aporte nutricional de preparações e, neste aspecto, o AIA seria uma alternativa para gerar menor impacto ambiental, redução de custos ao consumidor e enriquecimento nutricional da alimentação com partes que antes seriam desprezadas.  

A gastronomia mais consciente, vista como fenômeno social, cultural e econômico, representa um dos grandes pilares para o Desenvolvimento Sustentável.

Essas ações fazem com que os impactos ambientais sejam diminuídos, configurando um estilo que não se traduz por mudanças no sabor, no tempero ou na técnica de preparo dos alimentos, mas uma oportunidade de produzir alimentos saborosos, com consciência, inteligência, sabedoria, criatividade e sustentabilidade.

É a gastronomia social e sustentável gerando conhecimento, conectando pessoas, atuando na redução das desigualdades sociais e transformando vidas.   


               

Por: Jéssica da Luz Pereira Pucci

               

Nutricionista, Gerente de Saúde e Assistência do Sesc-SC

           


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