Para Maria Eduarda Montecino Barato, aluna do 8º ano do Ensino Fundamental da Escola Sesc Jaraguá do Sul, responsabilidade significa assumir as tarefas com que se comprometeu. Com 13 anos, ela é vereadora mirim eleita por seus colegas para representá-los no projeto da Câmara de Vereadores da cidade, e exerce a função com empenho pela segunda vez. Neste ano é suplente e em 2017 foi titular.
A estudante se considera responsável, pois além de cumprir com suas obrigações, tenta sempre dar o melhor de si. Suas atitudes responsáveis começaram em casa, ainda na primeira infância, colaborando com algumas tarefas do lar. “Quando pequena ajudava em atividades mais simples. Com o passar dos anos, fui assumindo outros afazeres e aprendi a dar valor ao trabalho”, conta. A rotina estruturada e bem definida, cadernos organizados e anotações na agenda também a ajudam a manter o foco, assim como o apoio da família. “Se eu esqueço de algo, minha mãe conversa comigo para que eu mude de atitude”, reforça.
Autonomia e resiliência
A responsabilidade é uma aprendizagem que qualquer ser humano pode adquirir. É um processo que se desenvolve principalmente no período da infância até à adolescência, como aconteceu com Maria Eduarda. “Crianças que são estimuladas a colaborar desde cedo têm mais habilidade para organizar-se, traçar objetivos e realizar tarefas complexas ao longo da vida. Além disso, aprendem a viver com autonomia e desenvolvem a resiliência”, afirma a pedagoga Fernanda Mello de Moura, analista de programação social do Sesc-SC, na área de Educação.
Ensinar sobre responsabilidade é um grande desafio para os pais e cuidadores e é fundamental para o desenvolvimento saudável das crianças e adolescentes. Essa formação começa em casa, em um ambiente onde predomine o amor, o respeito e a confiança.
“Desde pequenas, as crianças precisam aprender a assumir a responsabilidade pelos seus atos e pertences, além de cumprir com certas obrigações, de acordo com sua idade”, considera a pedagoga Magali Larson, coordenadora da Escola Sesc Joinville. “Os pais precisam auxiliar seus filhos na organização das tarefas escolares, materiais, uniformes, trabalhos, mas não devem fazer por eles, e sim orientá-los, pois muitas situações em nossas vidas, aprendemos somente fazendo”, explica.
Fernanda acrescenta: “Não podemos ter pena dos filhos ao ensinar-lhes a ter responsabilidade. Estamos ajudando-os a construir sua autoestima e a valorização de suas habilidades. Uma vez que conseguem realizar tarefas com autonomia, sentem-se confiantes em sua capacidade de lidar com situações desafiadoras. Por outro lado, se fizermos tudo por eles é provável que se sintam inseguros em relação a si mesmos”.
Para a educadora, dar espaço para as crianças e adolescentes desenvolverem a autonomia não significa que não precisam do apoio e da proximidade da família. “Eles estão em processo de aprendizagem, por isso é importante entenderem que a realização de suas tarefas não é algo sem sentido, imposto pelos pais, mas faz parte da vida, dos cuidados necessários consigo, com os outros e com seu entorno”, explica.
Combinados e organização
Por isso, é importante que os pais mantenham uma relação próxima com seus filhos, cobrando que cumpram os combinados e ajudando-os a organizar seu tempo e as tarefas que estão sob sua responsabilidade. “Vale ressaltar que as crianças entendem essa interação como uma demonstração de amor e de cuidado. Deixá-las sem supervisão pode dar a impressão de falta de atenção e desinteresse por parte dos pais”, observa Fernanda.
Nesse sentido, é imprescindível ajudar nossos filhos a serem crianças responsáveis para que assim sejam capazes de conquistar um desenvolvimento equilibrado em suas vidas, ao cumprir com seus compromissos escolares e com as tarefas estabelecidas em casa.
Rotina e conquistas
A rotina é uma ferramenta importante nesse processo. Estipular horários para as atividades básicas, como acordar, dormir e comer é uma maneira de ajudar os filhos a organizar seu tempo. Além disso, mostrar às crianças e adolescentes, por meio do exemplo positivo, que as atividades cotidianas, como cuidar da casa, de si e estudar fazem parte da vida de todos, não só dos adultos.
“Os pais precisam estar atentos à conquista de novas aptidões para que desafiem as crianças a realizarem aquilo que conseguem fazer sozinhas. Assim, poderão auxiliar seus filhos somente com as tarefas que ainda não têm autonomia ou habilidade física para realizar”, finaliza Fernanda.
Confira algumas recomendações da área de Educação do Sesc para ajudar a desenvolver no seu filho princípio da responsabilidade:
- Dar o exemplo (filhos aprendem muito mais observando os hábitos dos adultos do que seguindo o que dizem)
- Inserir a criança ou adolescente em tarefas domésticas, como arrumar sua cama, manter seu quarto organizado, colocar a mesa, lavar a louça, cuidar do bicho de estimação, molhar as plantas. Sempre focando no lado positivo destas atividades, não como um castigo.
- Cobrar organização das tarefas escolares e estudo constante para aprender o que está sendo trabalhado na escola.
- Deixar claro que estudar e participar nas tarefas domésticas não é uma escolha, mas que faz parte da vida de todos.
- Dar autonomia e oportunidade para os filhos pensarem em soluções próprias para resolverem situações do cotidiano.
- Ensinar, por meio do exemplo, a valorizar o trabalho de todos e deixar claro que não existe trabalho de menor importância.
- Incentivar e comemorar a superação e as conquistas diárias dos filhos. Igualmente importante é apoiá-los nos momentos de desânimo e frustração.
- Não fazer por eles, mas com eles.
- Os pais precisam definir, de forma clara, as regras da casa e cobrar que todos, inclusive os adultos, cumpram os combinados.
Acompanhe as matérias da série "Educação Afetiva":
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17/05/2019 - Atualizado em 20/05/2019 - 3074 visualizações
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Com o objetivo de trazer conteúdos esclarecedores aos pais, lançamos no Blog Sesc/SC a série “Educação Afetiva”. Nesta primeira matéria, indicamos alguns caminhos para promovermos uma infância feliz e saudável.