Dia da Mulher: 20 dicas de livros sobre o protagonismo feminino


05/03/2021 - Atualizado em 22/11/2021 - 4209 visualizações

A leitura tem um papel fundamental na emancipação humana. Nela, conhecemos outras experiências, histórias e teorias das quais podemos pensar em uma sociedade mais igualitária. No dia 8 de março, refletimos internacionalmente as vivências das mulheres, uma data fundamental para repensar os caminhos trilhados até aqui.

Como convite a estimular e expandir essa reflexão, a Rede de Bibliotecas do Sesc Santa Catarina separou uma lista de livros de ficção e não ficção de autoras de diferentes nacionalidades, que nos ajudam a dimensionar a complexidade de ser mulher.

Não ficção

"O segundo sexo", de Simone de Beauvoir

O segundo sexo foi publicado originalmente em 1949 e consagrou Simone de Beauvoir na filosofia mundial. A obra, no entanto, não ficou datada e tornou-se atemporal e definitiva. No primeiro volume, a autora aborda os fatos e os mitos da condição da mulher numa reflexão fascinante.

Já no segundo, Simone de Beauvoir analisa a condição da mulher em todas as suas dimensões: sexual, psicológica, social e política. Uma obra fundamental, que inaugurou um novo modelo de pensamento sobre a mulher na sociedade.



"A liberdade é uma luta constante", de Angela Davis

Neste livro, a intelectual e ativista política Angela Davis trata da internacionalização das lutas sociais em nosso tempo, articulando discussões sobre feminismo, movimento negro, LGBTQIA+, transexualidade e causa Palestina.


"Quem tem medo do feminismo negro?", de Djamila Ribeiro

"Quem tem medo do feminismo negro?" reúne um longo ensaio autobiográfico inédito e uma seleção de artigos publicados por Djamila Ribeiro no blog da revista Carta Capital, entre 2014 e 2017. No texto de abertura, a filósofa e militante recupera memórias de seus anos de infância e adolescência para discutir o que chama de "silenciamento", processo de apagamento da personalidade por que passou e que é um dos muitos resultados perniciosos da discriminação.

Muitos textos reagem a situações do cotidiano – o aumento da intolerância às religiões de matriz africana; os ataques a celebridades como Maju ou Serena Williams – a partir das quais Djamila destrincha conceitos como empoderamento feminino ou interseccionalidade. Ela também aborda temas como os limites da mobilização nas redes sociais, as políticas de cotas raciais e as origens do feminismo negro nos Estados Unidos e no Brasil, além de discutir a obra de autoras de referência para o feminismo, como Simone de Beauvoir.


"Problemas de gênero: Feminismo e subversão da identidade", de Judith Butler

Neste livro inspirador, que funda a Teoria Queer, Judith Butler apresenta uma crítica contundente a um dos principais fundamentos do movimento feminista: a identidade. Para Butler, não é possível que exista apenas uma identidade: ela deveria ser pensada no plural, e não no singular. Ou ainda, não é possível que haja a libertação da mulher, a menos que primeiro se subverta a identidade de mulher.

Com essa formulação radical, Judith Butler interroga também a categoria de heterossexualidade, de forma a relançar a oposição sexo e gênero em novas coordenadas e em outras linhas de força, nas quais podemos nos aprofundar em perguntas como: o que é ser homem e o que é ser mulher?; o que faz um homem ser homem e o que faz de uma mulher uma mulher? Questões cuja ampliação contemplaria a multiplicidade de sexualidades, tão visíveis na contemporaneidade.


"Os homens explicam tudo para mim", de Rebecca Solnit

Neste livro, Rebecca Solnit vai debater o termo mansplaining, o fenômeno machista de homens assumirem que, independente do assunto, eles possuem mais conhecimento sobre o tema do que as mulheres, insistindo na explicação, quando muitas vezes a mulher tem mais domínio do que o próprio homem. "Os homens explicam tudo para mim" é uma exploração corajosa e incisiva de problemas que uma cultura patriarcal não reconhece, necessariamente, como problemas. Com graça e energia, e numa prosa belíssima e provocativa, Rebecca Solnit demonstra que é tanto uma figura fundamental do movimento feminista atual como uma pensadora radical e generosa.


"Lute como uma garota: 60 Feministas que Mudaram o Mundo", de Laura Barcella e Fernanda Lopes

Estamos vivendo novos tempos: a discussão sobre os direitos das mulheres não se concentra mais em grupos específicos e a luta feminista amplia seu debate na sociedade. Da violência contra a mulher à cultura do estupro, uma série de questões é tema de conversas frequentes na mídia e nas redes sociais. Mas como chegamos até aqui? Quem nos ajudou nessa trajetória?

Lute como uma Garota reúne o perfil de figuras importantes da militância feminista, abrangendo das pioneiras do século XVIII às estrelas pop dos dias de hoje, como Frida Kahlo, Simone de Beauvoir, Oprah Winfrey e Madonna, além de nomes essenciais da luta no Brasil, apresentando um pouco de nossa história. Com prefácio de Mary Del Priore, apresentação de Nana Queiroz e todo ilustrado, Lute como uma Garota mostra a força das mulheres.


"Minha história", de Michele Obama

Em suas memórias, um trabalho de profunda reflexão e com uma narrativa envolvente, Michelle Obama convida os leitores a conhecer seu mundo, recontando as experiências que a moldaram — da infância na região de South Side, em Chicago, e os seus anos como executiva tentando equilibrar as demandas da maternidade e do trabalho, ao período em que passou no endereço mais famoso do mundo. Com honestidade e uma inteligência aguçada, ela descreve seus triunfos e suas decepções, tanto públicas quanto privadas, e conta toda a sua história, conforme a viveu — em suas próprias palavras e em seus próprios termos. Reconfortante, sábio e revelador, "Minha história" traz um relato íntimo e singular, de uma mulher com alma e consistência que desafiou constantemente as expectativas — e cuja história nos inspira a fazer o mesmo.


"Eu sou malala", de Malala Yousafzai

"Eu sou Malala" é a história de uma família exilada pelo terrorismo global, da luta pelo direito à educação feminina e dos obstáculos à valorização da mulher em uma sociedade que valoriza filhos homens. O livro acompanha a infância da garota no Paquistão, os primeiros anos de vida escolar, as asperezas da vida numa região marcada pela desigualdade social, as belezas do deserto e as trevas da vida sob o Talibã. Escrito em parceria com a jornalista britânica Christina Lamb, este livro é uma janela para a singularidade poderosa de uma menina cheia de brio e talento, mas também para um universo religioso e cultural cheio de interdições e particularidades, muitas vezes incompreendido pelo Ocidente.


"Persépolis", de Marjane Satrapi

Marjane Satrapi tinha apenas dez anos quando se viu obrigada a usar o véu islâmico, numa sala de aula só de meninas. Nascida numa família moderna e politizada, em 1979 ela assistiu ao início da revolução que lançou o Irã nas trevas do regime xiita apenas mais um capítulo nos muitos séculos de opressão do povo persa. Vinte e cinco anos depois, com os olhos da menina que foi e a consciência política à flor da pele da adulta em que se transformou, Marjane emocionou leitores de todo o mundo com essa autobiografia em quadrinhos, que só na França vendeu mais de 400 mil exemplares. Em "Persépolis", o pop encontra o épico, o oriente toca o ocidente, o humor se infiltra no drama e o Irã parece muito mais próximo do que poderíamos suspeitar.


"Você é minha mãe?", de Alison Bechdel

Nesta continuação da badalada graphic-novel Fun Home, Bechdel segue na trilha de seu passado, investigando agora a relação com a mãe, uma atriz amante de música e literatura presa a um casamento infeliz. Num relato emocionante e divertido, a autora se debruça sobre o abismo que a separa de sua mãe - que parou de tocar ou beijar a filha antes de dormir, “para sempre”, quando ela tinha sete anos - em busca de respostas e de novas perspectivas para o futuro de ambas. Combinando elementos tão díspares quanto a vida e obra do psicanalista Donald Winnicott, uma ilustração do Dr. Seuss e a própria (e monogâmica em série) vida amorosa, Bechdel persegue uma frágil e surpreendente trégua entre ela e a família.


Ficção

"Por escrito", de Elvira Vigna

Com uma linguagem cortante e antissentimental, e uma visão de mundo cáustica e desiludida, os personagens de Elvira Vigna caminham trôpegos por cenários de devastação afetiva, emocional e pessoal. Este "Por escrito" é uma história de separação. Mas engana-se quem espera encontrar aqui mulheres chorando pelos cantos da casa. As vidas de Molly, Izildinha, Valderez e das outras personagens do livro são tão inquietantes e inesperadas quanto a prosa da autora. "Por escrito" é também uma história de desencontros, em que as pessoas parecem não ver quem está à frente delas. E quem está presente na cena vai sumindo devagarinho sem ninguém notar. Ao nos virarmos para o lado, encontramos apenas quem não esperávamos que estivesse lá. Uma história de esperas, sem Ulisses que valham a pena. E de muitos erros.


"O amor de uma boa mulher", de Alice Munro

Em “O amor de uma boa mulher”, Alice Munro oferece ao leitor mais uma fornada de seus contos de fôlego, marcados pela destreza dos planos cinematográficos e pelo olhar duplo, ao mesmo tempo panorâmico e intimista. A canadense fez das pequenas cidades espalhadas pelo condado de Huron o território privilegiado de sua ficção e detecta nas franjas do meio rural aqueles indivíduos de algum modo deslocados da norma. A velhice, a doença, o transtorno mental ou a simples diferença com relação à maioria pontuam os textos.


"Ritmo louco", de Zadie Smith

Duas garotas de ascendência negra sonham em ser dançarinas ― mas apenas uma delas, Tracey, tem talento. A outra, a narradora, tem ideias: sobre ritmo e identidade, sobre música e raça, sobre o que torna uma pessoa verdadeiramente livre. É uma amizade próxima, mas complicada, que termina abruptamente por volta dos vinte e poucos anos, para nunca mais ser revisitada, mas também nunca esquecida. Zadie Smith cria um brilhante romance de formação que coloca em movimento reflexões profundas e atuais sobre cor, raça, gênero e, sobretudo, pertencimento.


"Um útero é do tamanho de um punho", de Angélica Freitas

"Um útero é do tamanho de um punho", reúne poemas escritos a partir de um tema central: a mulher. Uma das vozes mais destacadas da geração, Angélica Freitas subverte as imagens absolutamente gastas do que se espera do gênero feminino anunciadas em capas de revistas e em vitrines de lojas de departamentos, e joga luz com inteligência, sagacidade e senso de humor aguçado sobre o nosso tempo.


"Coração azedo", de Jenny Zhang

Centradas em uma comunidade de imigrantes que trocaram a vida ameaçada na China e em Taiwan pelos percalços da Nova York dos anos 1990, as histórias que compõem "Coração azedo" examinam questões de família, sexualidade, identidade e gênero a partir do ponto de vista de narradoras marcadas por seu passado, que lutam para se definir e descobrir quem são.


"Noite em Caracas", de Karina Sainz Borgo

Violência, anarquia e desintegração ditam o ritmo em Caracas. Nesse cenário desolador, Adelaida Falcón tem a vida destroçada pela morte da mãe. Logo depois do enterro, ela se depara com sua casa ocupada por um grupo de mulheres. Ao procurar ajuda, tenta falar com a vizinha, Aurora Peralta, conhecida como “a filha da espanhola”, mas a encontra morta. Em cima da mesa da sala, Adelaida vê documentos que podem mudar sua vida, dando início a uma jornada pela própria sobrevivência.


"Karen", de Ana Teresa Pereira

Uma mulher prestes a fazer 25 anos acorda numa cama que não reconhece, numa casa que não lhe parece íntima, entre pessoas que a conhecem mas afirmam entender sua confusão momentânea. Chama-se – ou pelo menos é como a chamam – Karen. Ela é casada com um escritor de família arruinada, está com alguns ferimentos porque, assim lhe dizem, arriscou-se para o outro lado escorregadio e pedregoso de uma cascata. Seu presente, assim com o próprio passado, parecem fruto de uma alucinação


"Cat Person e outros contos", de Kristen Roupenian

Ao longo de doze histórias, com tom ora sombrio, ora hilariante, a escritora explora com sensibilidade aguda e imaginação selvagem a realidade contemporânea com tintas por vezes absurdas — e até mesmo assustadoras. Esta reunião de contos apresenta uma galeria de personagens profundamente humanos e, por isso mesmo, estranhamente inquietantes, que buscam se relacionar em dias marcados por angústias, contradições, perversões e uma dificuldade intransponível de comunicação.


"Memórias de um urso polar", de Yoko Tawada

Esta surpreendente história de três gerações — avó, mãe e filho — cobre boa parte do século XX e os eventos que moldaram o mundo do nosso tempo. Mas com uma peculiaridade: seus três protagonistas são nada menos que ursos-polares. Dotados de razão e sentimentos, eles se apresentam em circos ou estão confinados em grandes zoológicos enquanto revisitam o passado e escrevem suas memórias. Uma fábula para o século XXI.


"Redemoinho em dia quente", de Jarid Arraes

Os contos de Jarid Arraes desafiam classificações e misturam realismo, fantasia, crítica social e uma capacidade ímpar de identificar e narrar o cotidiano público e privado das mulheres. Uma senhora católica encontra uma sacola com pílulas suspeitas e decide experimentar um barato que a leva até o padre Cícero, uma lavadeira tenta entender os desejos da filha, uma mototáxi tenta começar um novo trabalho e enfrenta os desafios que seu gênero representa ― Arraes narra a vida de mulheres com exatidão, potência e uma voz única na literatura brasileira contemporânea.

Sinopses disponíveis nos sites das editoras.

Colaboração: Larissa Nogueira Müller e Diego Augusto Elias, assistentes de biblioteca dos Sesc Itajaí e Balneário Camboriú.

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