Leituras urgentes e clássicos da literatura para a Semana da Consciência Negra


20/11/2019 - Atualizado em 20/11/2019 - 586 visualizações

Neste 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, as bibliotecas do Sesc Santa Catarina indicam livros de ficção e não-ficção, de premiados escritores nacionais e internacionais, que abordam a questão racial, para enriquecer o repertório crítico e literário dos leitores acerca de um tema sempre necessário a se debater e refletir.

“O vendido”, de Paul Beatty

Nascido em Dickens, no subúrbio de Los Angeles, Eu, o narrador de "O vendido", passou a maior parte da juventude como cobaia para estudos raciais realizados por seu pai, um polêmico sociólogo. Quando o pai é morto em um tiroteio com a polícia e Dickens desaparece do mapa da Califórnia por motivos políticos e econômicos, Eu se junta a Hominy Jenkins, o mais famoso morador local e o último ator vivo da série “Os Batutinhas”, para tentar salvar a cidade através de um controverso experimento social: reinstaurar a segregação racial em Dickens, marginalizando brancos e negros em um plano que o levará a ser julgado pela Suprema Corte dos Estados Unidos.

“Americanah”, de Chimamanda Ngozi Adichie

Lagos, anos 1990. Enquanto Ifemelu e Obinze vivem o idílio do primeiro amor, a Nigéria enfrenta tempos sombrios sob um governo militar. Em busca de alternativas às universidades nacionais, paralisadas por sucessivas greves, a jovem Ifemelu muda-se para os Estados Unidos. Ao mesmo tempo que se destaca no meio acadêmico, ela depara pela primeira vez com a questão racial e com as agruras da vida de imigrante, mulher e negra. Quinze anos mais tarde, Ifemelu é uma blogueira aclamada nos Estados Unidos, mas o tempo e o sucesso não atenuaram o apego à sua terra natal, tampouco anularam sua ligação com Obinze. Quando ela volta para a Nigéria, terá de encontrar seu lugar num país muito diferente do que deixou e na vida de seu companheiro de adolescência.

“O sol na cabeça”, de Giovani Martins

Em "O sol na cabeça", Geovani Martins narra a infância e a adolescência de garotos para quem às angústias e dificuldades próprias da idade soma-se a violência de crescer no lado menos favorecido da "Cidade partida", o Rio de Janeiro das primeiras décadas do século XXI.


“The Underground Railroad: Os caminhos para a Liberdade”, de Colson Whitehead

Cora não consegue imaginar o mundo que há além da fazenda de algodão ― e nem poderia. Das poucas coisas que lhe era permitido saber, ela sabia que a Geórgia não era um estado amigável para fujões. As cores do sangue derramado e o som dos gritos dos escravos eram claros na sua mente, e seus sonhos eram habitados pela angústia de suas companheiras de senzala. Em uma alma sedenta por liberdade, qualquer convite para ver o mundo além das cercas parece uma fonte cristalina. Cora não sabia dos segredos que se escondiam nas veias de seu país. Até que Caesar, um jovem escravo, contou-lhe sobre a ferrovia subterrânea que os levaria até os Estados Livres, onde não há mais escravidão. Cora terá que atravessar os Estados Unidos e enfrentar terríveis desaventuras. Mas nada pode conter sua coragem para transgredir as condições que lhe foram impostas – ela fará de tudo para ser livre.

“Úrsula”, de Maria Firmina dos Reis

Tancredo e Úrsula são jovens, puros e altruístas. Com a vida marcada por perdas e decepções familiares, eles se apaixonam tão logo o destino os aproxima, mas se deparam com um empecilho para concretizar seu amor. Combinando esse enredo ultrarromântico com uma abordagem crítica à escravidão, Maria Firmina dos Reis compõe Úrsula, um dos primeiros romances brasileiros de autoria feminina, em 1859. Por dar voz e agência a personagens escravizados, é vista como a obra inaugural da literatura afro-brasileira. Retrata homens autoritários e cruéis, mostrando atos inimagináveis de mando patriarcal e senhorial em um sistema que não lhes impõe limites.

“Contos Completos”, de Lima Barreto

Testemunha ocular das convulsões políticas e sociais da República Velha, Lima Barreto foi um dos primeiros escritores a assumir sua negritude no Brasil. Ativista simpático ao anarquismo, descendente de escravos e protegido do Visconde de Ouro Preto, inseriu-se no mundo intelectual mas foi considerado um escritor de segunda categoria. Análises posteriores, como a do professor Antonio Candido, diriam que Lima Barreto é um autor "vivo e penetrante". E sua inclusão tardia no cânone dos grandes ficcionistas da língua portuguesa seria apenas uma das muitas contradições que caracterizaram sua vida e obra.

“Doze anos de escravidão”, de Solomon Northup

Considerada a melhor narrativa já escrita sobre um dos períodos mais nebulosos da história americana, "Doze anos de escravidão" narra a história real de Solomon Northup, um negro livre que, atraído por uma proposta de emprego, abandona a segurança do Norte e acaba sendo sequestrado e vendido como escravo. Depois de liberto, Northup publicou o relato contundente de sua história, que se tornou um best-seller imediato. Hoje, 160 anos após a primeira edição, "Doze anos de escravidão" é reconhecido como uma narrativa de qualidades excepcionais. Para a crítica, o caráter especial do livro deve-se ao fato de o autor ter sido um homem culto que viveu duas vidas opostas, primeiro como cidadão livre e depois como escravo.

“A cor púrpura”, de Alice Walker

"A cor púrpura" retrata a dura vida de Celie, uma mulher negra no sul dos Estados Unidos da primeira metade do século XX. Pobre e praticamente analfabeta, Celie foi abusada, física e psicologicamente, desde a infância pelo padrasto e depois pelo marido.Um universo delicado, no entanto, é construído a partir das cartas que Celie escreve e das experiências de amizade e amor, sobretudo com a inesquecível Shug Avery.

“Amada”, de Toni Morrison

Sethe é uma ex-escrava que, após fugir da fazenda em que era mantida cativa com os filhos, foi refugiar-se na casa da sogra em Cincinatti. No caminho, ela dá à luz um bebê, a menina Denver, que vai acompanhá-la ao longo da história. A relação familiar, bem como os traumas do passado escravizado, transformarão a vida e o futuro de ambas de forma irreversível. Considerado um clássico contemporâneo, este livro faz um retrato ao mesmo tempo lírico e cruel da condição do negro no fim do século XIX nos Estados Unidos.

“Quem tem medo do feminismo negro?”, de Djamila Ribeiro

Quem tem medo do feminismo negro? reúne um longo ensaio autobiográfico inédito e uma seleção de artigos publicados por Djamila Ribeiro no blog da revista Carta Capital, entre 2014 e 2017. No texto de abertura, a filósofa e militante recupera memórias de seus anos de infância e adolescência para discutir o que chama de "silenciamento", processo de apagamento da personalidade por que passou e que é um dos muitos resultados perniciosos da discriminação. Muitos textos reagem a situações do cotidiano – o aumento da intolerância às religiões de matriz africana; os ataques a celebridades como Maju ou Serena Williams – a partir das quais Djamila destrincha conceitos como empoderamento feminino ou interseccionalidade. Ela também aborda temas como os limites da mobilização nas redes sociais, as políticas de cotas raciais e as origens do feminismo negro nos Estados Unidos e no Brasil, além de discutir a obra de autoras de referência para o feminismo, como Simone de Beauvoir.

“Quarto de Despejo: Diário de uma favelada”, de Carolina Maria de Jesus

O diário da catadora de papel Carolina Maria de Jesus deu origem à este livro, que relata o cotidiano triste e cruel da vida na favela. A linguagem simples, mas contundente, comove o leitor pelo realismo e pelo olhar sensível na hora de contar o que viu, viveu e sentiu nos anos em que morou na comunidade do Canindé, em São Paulo, com três filhos.

“Longa Caminhada Até a Liberdade”, de Nelson Mandela

Como recebedor do Prêmio Nobel da Paz de 1993, presidente do Congresso Nacional Africano, e líder do movimento anti-apartheid, Nelson Mandela é um dos grandes líderes morais e políticos do mundo. Em suas memórias, Longa Caminhada Até a Liberdade, ele conta a história extraordinária de sua vida – um épico de lutas, revezes, esperança renovada e finalmente de triunfo. De forma eloquente e vívida, ele descreve em detalhes a sua jornada: o desenvolvimento de sua consciência política, seu papel essencial na formação da Liga da Juventude do CNA, seus anos dramáticos na clandestinidade – que levaram a uma condenação à prisão perpétua em 1964 – e o seu agitado quarto de século atrás das grades. Eis aqui uma das mais poderosas e inspiradoras histórias de nossa época.

Todos os livros estão disponíveis para consulta e empréstimo nas Bibliotecas do Sesc Santa Catarina. +Inf.: https://www.sesc-sc.com.br/site/servicos/biblioteca

Sinopses disponíveis nos sites das editoras.

Colaboração: Diego Augusto Elias, assistente de biblioteca do Sesc Balneário Camboriú

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