Eu estou aqui: Livros de ficção para o mês do Orgulho LGBTQ+


18/06/2019 - Atualizado em 18/06/2019 - 590 visualizações

Em 1969, a polícia de Nova York invadia constantemente bares frequentados por homossexuais para prisões e ações de represálias. Em uma dessas invasões, em especial ao bar gay Stonewall Inn, os homossexuais que se encontravam ali resolveram enfrentar a polícia, ficando vários dias confinados no estabelecimento, com o apoio da resistência de grupos de gays e lésbicas que se reuniam ao lado de fora. Com isso, vários protestos em favor dos direitos dos homossexuais foram organizados e este episódio, ocorrido no dia 28 de junho daquele ano, foi chamado de Rebelião de Stonewall Inn.

A data-símbolo foi escolhida para a comemoração do Dia Internacional do Orgulho LGBTQ+, dia e mês para celebrar a diversidade, mas principalmente combater a LGBTfobia, conscientizar e tornar a sociedade mais plural e livre de preconceitos. E uma das melhores formas de combater a intolerância é a leitura. Por isso, as bibliotecas do Sesc Santa Catarina indicam livros de ficção com personagens LGBTQ+, disponíveis no acervo e para empréstimo, para comemorar essa data tão especial à luta igualitária.

Confira também as datas, locais e horários da mostra Cine Sesc: “Corpos Elétricos”, que aborda as questões de gênero e sexualidade, em cartaz nas Unidades do Sesc Santa Catarina neste mês de junho.


MIDDLESEX, de Jeffrey Eugenides

“Nasci duas vezes: primeiro como uma bebezinha, em janeiro de 1960, num dia notável pela ausência de poluição no ar de Detroit; e de novo como um menino adolescente, numa sala de emergências nas proximidades de Petoskey, Michigan, em agosto de 1974.” Para entender o que a tornou tão diferente das outras meninas, Calíope precisa investigar segredos de família e a espantosa história de uma mutação genética que atravessa as décadas e a transformará em Cal, um dos mais audaciosos narradores da ficção contemporânea. Sofisticado, recheado de referências literárias, e ao mesmo tempo envolvente, Middlesex é uma reinvenção do épico americano, que alia as tradicionais sagas familiares à mais virtuosa narrativa pós-moderna. Um romance intergeracional e intersexual, vencedor do Pulitzer em 2003.


FUN HOME, de Alison Bechdel

Pouco depois de revelar à família que é lésbica, Alison Bechdel recebe a notícia de que seu pai morreu em circunstâncias que poderiam indicar um suicídio. Nesta aclamada autobiografia em quadrinhos, ela explora a difícil, dolorosa, e comovente relação com o pai. A autora retraça também os próprios passos, da criança que cresceu entre os cadáveres da funerária da família à jovem que se encontrou nos livros e na arte. Num trabalho imensamente poderoso e sutil, Bechdel trilha o caminho de sua vida em busca de um pai tão enigmático quanto incontornável.

O QUARTO DE GIOVANNI, de James Baldwin

Lançado em 1956, o segundo romance de James Baldwin é uma obra-prima da literatura americana. Com pinceladas autobiográficas, o livro trata de uma relação bissexual ao acompanhar David, um jovem americano em Paris à espera de sua namorada, Hella, que por sua vez está na Espanha. Enquanto ela pondera se deve ou não se casar com David, ele conhece Giovanni, um garçom italiano por quem se apaixona.


AS COISAS, de Tobias Carvalho

Vencedor do Prêmio Sesc de Literatura 2018 na categoria Contos. Sensível e implacável por trás de uma escrita limpa e simples, As coisas traz uma costura de vivências humanas sob a ótica de um jovem homossexual. O personagem constante dessas histórias trabalha, viaja, estuda, cruza ruas de metrópoles agitadas, passa horas em aplicativos de encontros sexuais. Não há maquiagens para a solidão, nem disfarce para o sexo. Ele sente, ele quer, ele ganha e perde, transformando-se de história em história e construindo um arco narrativo que alicerça todo o livro.

TODOS NÓS ADORÁVAMOS CAUBÓIS, de Carol Bensimon

Em Todos nós adorávamos caubóis, Carol Bensimon narra uma road trip de duas amigas e amantes dos tempos de faculdade, que se encontram depois de anos para realizar uma viagem sonhada durante a adolescência. Nas colônias italianas da serra, na paisagem desolada do pampa, em uma cidade-fantasma no coração do Rio Grande do Sul, o convívio das duas garotas vai se enredando a seu passado em comum e seus conflitos particulares: enquanto Cora precisa lidar com o fato de que seu pai, casado com uma mulher muito mais jovem, vai ter um segundo filho, Julia anda às voltas com um ex-namorado americano e um trauma de infância.

O BUDA DO SUBÚRBIO, de Hanif Kureishi

Saindo dos subúrbios do sul de Londres para descobrir a vida e a si mesmo, Karim Amir percorre a via crucis da ideologia dos anos 70 – arte e política, sexo, drogas e muita música. Adolescente, filho de mãe inglesa e pai indiano, amando meninos e meninas indistintamente, Karim cresce cercado pelo preconceito racial, pela utopia revolucionária, pelo orientalismo e pelo ideário hippie – intensidade, autenticidade, interioridade, fuga do comum. Toda essa inquietação o conduz para além das fronteiras do subúrbio, para a tão próxima e tão distante Londres. Lá, onde tudo acontece a uma velocidade estonteante – pelo menos aos olhos de um suburbano –, já não se fala em paz e amor, mas em punk. Londres fervilha. A vida escancara-se para Karim.

ORLANDO, de Virginia Woolf

Nascido no seio de uma família de boa posição em plena Inglaterra elisabetana, Orlando acorda com um corpo feminino durante uma viagem à Turquia. Como é dotado de imortalidade, sua trajetória então atravessa mais de três séculos, ultrapassando as fronteiras físicas e emocionais entre os gêneros masculino e feminino. Suas ambiguidades, temores, esperanças, reflexões – tudo é observado com inteligência e sensibilidade nesta narrativa que, publicada originalmente em 1928, permanece como uma das mais fecundas discussões sobre a sexualidade humana.

PAI, PAI, de João Silvério Trevisan

João nasceu em Ribeirão Bonito, interior de São Paulo, filho mais velho de uma família de classe média baixa. Desde o início, acompanha a forma rude como o pai José trata sua mãe, de origem mais humilde. É vítima, ainda criança, da violência de José, que não aceita sua natureza de “menino maricas”. Antes de completar 10 anos, João entra num seminário, para escapar do ambiente de casa. “Eu iniciava meu processo de ser outro, um homem, sem deixar de ser o mesmo filho de José, o cachaceiro.” Depois de abandonar o seminário, ele busca sua liberdade, e deixa o Brasil da ditadura para conhecer o mundo. Atravessa graves momentos políticos na América Latina e vivencia a contracultura nos Estados Unidos. Mergulha na escrita e nas artes. Mas a sombra do pai continuará sempre consigo.

DO FUNDO DO POÇO SE VÊ A LUA, de Joca Reiners Terron

Wilson e William são gêmeos nascidos em São Paulo nos anos finais da ditadura. Órfãos de mãe e criados pelo pai, ator, os meninos são treinados para atuarem juntos, mas as brincadeiras da infância, porém, revelam que a semelhança dos irmãos é apenas física. William é violento, taciturno e masculino, enquanto Wilson é feminino e dono de inteligência tão sagaz quanto compulsiva. A espinha dorsal do romance é a batalha de Wilson para livrar-se da imagem espelhada do irmão e se transformar numa figura feminina inspirada pelo objeto de sua obsessão, a rainha egípcia Cleópatra, sobretudo como encarnada no cinema por Elizabeth Taylor. Após uma tragédia que separa os gêmeos, uma trama surpreendente envolvendo trocas de sexo, assassinatos e perda de memória conduzirá a história até a enigmática cidade do Cairo.

AS FANTASIAS ELETIVAS, de Carlos Henrique Schroeder

Na turística Balneário Camboriú, Renê, um recepcionista noturno de hotel, tenta reconstruir sua vida e encontra na amizade de Copi, uma travesti obcecada por fotografias, uma alternativa para sua vida destruída. Renê lerá o que Copi escreve e será o único que terá acesso a suas fotos de surpreendente beleza. É quando um livro se abre dentro do livro, e tudo se torna um grande ensaio da alma humana. “As fantasias eletivas” une prosa, poesia e fotografia para refletir sobre a solidão e a criação literária, e mostra como a literatura, a de verdade, é sobretudo feita de sangue.

ME CHAME PELO SEU NOME, de André Aciman

A casa onde Elio passa os verões é um verdadeiro paraíso na costa italiana, parada certa de amigos, vizinhos, artistas e intelectuais de todos os lugares. Filho de um importante professor universitário, o jovem está bastante acostumado à rotina de, a cada verão, hospedar por seis semanas na villa da família um novo escritor que, em troca da boa acolhida, ajuda seu pai com correspondências e papeladas. Uma cobiçada residência literária que já atraiu muitos nomes, mas nenhum deles como Oliver, um americano de vinte e quatro anos, espontâneo e atraente, que encanta Elio imediantamente. Da antipatia impaciente que parece atravessar o convívio inicial dos dois surge uma paixão que só aumenta à medida que o instável e desconhecido terreno que os separa vai sendo vencido. Uma experiência inesquecível, que os marcará para o resto da vida. Livro que inspirou o filme dirigido por Luca Guadagnino, aclamado nos festivais de Berlim, Toronto, Rio, e Sundance e vencedor do Oscar de Melhor Roteiro Adaptado de 2018.

CONTOS COMPLETOS, de Caio Fernando Abreu

Publicados entre as décadas de 1970 e 1990, os contos de Caio Fernando Abreu são o retrato de uma geração. Os tempos autoritários e sombrios dos anos de chumbo aparecem nesta reunião não apenas como pano de fundo, mas como parte constituinte de uma prosa que se consagrou pelo estilo combativo e radical. Vida e obra, aqui, se misturam a ponto de biografia se transformar em literatura e vice-versa. Ao escrever sobre amor, morte, medo, sexualidade, solidão e alegria, o autor de Morangos mofados constrói personagens complexos e absolutamente profundos em cada detalhe.

Fonte: Sinopses dos livros disponíveis nos sites das editoras.

Colaboração: Diego Augusto Elias, Sesc Balneário Camboriú.

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